Pular para o conteúdo principal

Postagens

I not that girl I used to be

 É nossa primeira viagem sozinhas. Mamãe e filhinha, agora casada.  Quero que tudo seja perfeito, um erro, eu sei, mas não está fora dos meus padrões.  Quero muito agradar, quero mostrar tudo que há de melhor para ela, mas eu mesma me sinto esquisita no meu corpo.  No meu bar favorito da cidade, trilha sonora favorita, ouço do meu primo aquele pedido insistente para ir embora. Sim, achei que seria legal traze-lo por inúmeras razões. Minutos depois eu vejo uma mensagem de um homem no celular da minha mãe. Pergunto, mas ela simplesmente não me conta.  Me percebo na posição que um dia ela esteve. Querer participar, mas ser convidada de honra na vida dela, e não apenas uma companhia ali.  O desconforto vai crescendo dentro de mim na medida em que percebo o quanto eu me abri para ela. Não consigo disfarçar. Não consigo racionlizar para expresar minimamente o que eu to sentindo. Ao invés disso um nó se instala na minha garganta e volto ao persongem que tenta agradar a mãe.  Penso que três di
Postagens recentes

23/11/22

 Dia atípico na minha nova rotina.  Acordei cedo, nadei, me arrumei e fui trabalhar PRESENCIALMENTE Fui pro CN e mais pareceu um passeio, encontrei pessoas que não gostava ou simplesmente não tem menor relevância na minha vida - lá vai eu me expondo as contigências.  Paro para almoçar - sozinha - e tenho tempo de sobra para refletir sobre a mensagem que recebo no whats. Estou disposta à continuar no Relgov?   Claro não é primeira vez que me faço essa pergunta. O problema é que a resposta flutua de tempos em tempos. Vou para um consulta e mais outra e depois falo com um colega dos tempos do intercâmbio que hoje é psicologo e rh em outra consultoria.  O papo com ele abre duas novas janelas: 1) estudar psicologia e 2) uma possibilidade de vaga na empresa oferecida por ele.  A 1° opção demanda tempo, mas penso, pq não? Poderia sim achar um novo significado profissional e serventia para os meus anos de experiência.  A 2° me surpreendeu, não era meu objetivo. Foi bom saber que se eu sair ou

aquela pintinha no braço

Deitada de bruços com rosto direto na areia da praia. Olhos fechados em direção ao sol. Fiz meu exercício mental favorito: lembrar de cada detalhe bobo e dessa vez me veio a pintinha que mais parecia uma verruga. As duas na verdade, uma no braço e outra na costela.  Ela me dizia que já tinha tentado arrancar, mas o medo de sangrar sem parar a conteve. 

A véspera

 Ao longo das duas últimas duas décadas o dia 14 sempre foi o dia de maior criatividade para mim. Como vai ser? O que eu vou fazer? Com quais pessoas quero estar? Quem vai lembrar? O que eu vou ganhar? No fim eu sempre era surpreendida. Dessa vez não. Não há expectativas, nem mesmo falsas não-expectativas. A expectativa é não ter expectativa.  Não sinto que a mudança de algarismo de 25 para 26 realmente fará alguma diferença na minha vida, como sempre foi "o novo ciclo que se inicia".  Por um lado, acredito que cada vez mais as mudanças reais levam mais do que 365 dias. Por outro, penso que as mudanças estão acontecendo todos os dias, a cada minuto. E que peso é pensar desta forma.  Talvez esteja em um momento de transição. Em que tudo que eu penso importa, mas nada do que eu penso é importante. Talvez esteja bloqueada para comemorar minha vida por ser a primeira vez sem uma vida que me importa, talvez.  Talvez eu me sinta cada vez menos interessante, cada vez mais irrelevant

Sobre as primeiras vezes

Dizem que quando alguém morre, passassem a contar a partir da data do fim da vida e não mais o aniversário, "fulano faria x anos."   Na lógica matemática faz sentido, uma vida foi interrompida. Mas aniversário de morte. Quem raios estabeleceu isso?  Aniversário é comemoração. Quem consegue comemorar a morte de alguém ? Dia 11 será nossa primeira experiência de comemorar sem comemorar. Como fazer desse dia um dia especial sem a pessoa especial? Devo comemorar? Devo chorar? Devo fingir que é um dia comum? Essa semana eu sonhei com ela. Mais um sonho estranho. Estávamos na antiga casa, cozinha pequena, minha vó cortando um milho na beira da escada, um olho dentro da cozinha e outro no quintal. Cenário perfeito para mais uma tarde de longas horas na beira do fogão para preparar comida para todos. Eu queria apresentá-la para os meus amigos, não só isso, queria exibi-la para eles, "essa é a minha vó, ela teve covid, mas já tá ótima agora", foi o que eu disse com tom de vi

Ainda sobre as histórias

 Algumas vezes contei uma história para mim mesma que esperei contar em algumas semanas: "Pois é, acredita que minha avó teve covid, ficou internada, mas agora está em casa." Eu já preparava as piadas tipícas da minha família, a técnica de emagrecimento da minha avó, já que no fim tudo isso tinha feito bem para ela, teria conseguido perder alguns quilinhos necessários para ela voltar a andar bem.  Em outros momentos eu mudava a história aqui e acolá, sabia que ela precisaria de ajuda redobrada e já me preparava para o cenário futuro. Tudo para não estar naquele momento. Tive a certeza que iria contar mais uma história sobre a minha avó.  Quase todas as noites ela aparece nos meus sonhos e agora é de forma tão banal, um momento cotidiano, uma história normal. Eu nem acordo mais no meio da noite. É como se lá fosse o lugar comum dela, seu novo habitat.  Mas tem dias que só o sonho não basta. Eu queria poder encontrá-la. Eu queira encher o saco dela mais uma vez para ouvir histó

Qual a história que eu conto para mim mesma?

Leio e releio depoimentos não linkedin sobre pessoas que ressuscitaram das cinzas profissionais para um lugar de libertação e penso por que essa pessoa não sou eu? Perdi minha avó e meu emprego em menos de um mês. Essa é a minha frase rótulo.  2021 foi especialmente desafiador para mim, CEPs diferentes, e-mails coorporativos diferentes e boas sessões de terapia, claro.  Alcançando a marca dos 25 anos eu sairia de casa para ter meu próprio espaço, seria o ano de um novo ciclo. Essa era a história que eu contava para mim mesma desde os 15, mas não previa que seria tão turbulento assim.  Eu me planejei para isso claro, quase 6 meses trabalhando arduamente na terapia para compreender o que significa sair de casa, como é ser a primeira pessoa da minha família a construir seu próprio espaço por vontade pessoal e não por necessidade. Como eu faria isso? Como minha família receberia? Será que eu daria conta?  A decisão já estava tomada.  Vieram as burocracias, morar perto do trabalho ou perto