Algumas vezes contei uma história para mim mesma que esperei contar em algumas semanas: "Pois é, acredita que minha avó teve covid, ficou internada, mas agora está em casa."
Eu já preparava as piadas tipícas da minha família, a técnica de emagrecimento da minha avó, já que no fim tudo isso tinha feito bem para ela, teria conseguido perder alguns quilinhos necessários para ela voltar a andar bem.
Em outros momentos eu mudava a história aqui e acolá, sabia que ela precisaria de ajuda redobrada e já me preparava para o cenário futuro. Tudo para não estar naquele momento. Tive a certeza que iria contar mais uma história sobre a minha avó.
Quase todas as noites ela aparece nos meus sonhos e agora é de forma tão banal, um momento cotidiano, uma história normal. Eu nem acordo mais no meio da noite. É como se lá fosse o lugar comum dela, seu novo habitat.
Mas tem dias que só o sonho não basta. Eu queria poder encontrá-la. Eu queira encher o saco dela mais uma vez para ouvir histórias que ela nem gostava de contar. Tanta coisa que eu não sei.
Enquanto isso, acho que nos meus sonhos ela ainda está viva contando as histórias que eu já sei, já que ainda não tenho criatividade suficiente para criá-la no mundo real.
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