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A véspera

 Ao longo das duas últimas duas décadas o dia 14 sempre foi o dia de maior criatividade para mim. Como vai ser? O que eu vou fazer? Com quais pessoas quero estar? Quem vai lembrar? O que eu vou ganhar?

No fim eu sempre era surpreendida.

Dessa vez não. Não há expectativas, nem mesmo falsas não-expectativas. A expectativa é não ter expectativa. 

Não sinto que a mudança de algarismo de 25 para 26 realmente fará alguma diferença na minha vida, como sempre foi "o novo ciclo que se inicia". 

Por um lado, acredito que cada vez mais as mudanças reais levam mais do que 365 dias. Por outro, penso que as mudanças estão acontecendo todos os dias, a cada minuto. E que peso é pensar desta forma. 

Talvez esteja em um momento de transição. Em que tudo que eu penso importa, mas nada do que eu penso é importante.

Talvez esteja bloqueada para comemorar minha vida por ser a primeira vez sem uma vida que me importa, talvez. 

Talvez eu me sinta cada vez menos interessante, cada vez mais irrelevante, e não queira que um dia destrua minhas certezas. 

Faltam algumas horas para dia 15 de março e eu não sinto nada. Um dia comum. 

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